quinta-feira, 3 de maio de 2012

Nós Contra O Mundo

   O trem no qual embarcamos subiu e desceu várias vezes, nos atingiram em cheio e fomos parar fora dos trilhos, a gente se feriu, se queimou... Queimaduras de terceiro grau que davam a impressão de que nunca iam cicatrizar, tamanha a dor que estávamos sentindo. Aparentemente, não queria cessar.
   Pessoas com a farda do corpo de bombeiros chegaram para nos ajudar, mas sabíamos que eles não eram quem aparentavam e era de nosso conhecimento também que seu o único objetivo era nos manter separados.
   O fogo se alastrou rapidamente em nosso compartimento, assistimos aos outros passageiros serem tomados pelas chamas que os faziam berrar, involuntariamente nos pusemos a chorar. As lágrimas nos olhos dele demonstravam que estávamos pensando a mesma coisa: a idéia de vivermos um sem o outro era insana demais parar torna-se verdade.
  O calor produzido pelo fogo aumentava, o suor se misturava ao pranto silencioso e sem aviso prévio os supostos bombeiros entraram gargalhando e o tiraram-no de mim, por um momento cheguei a pensar que daqui há alguns minutos eles voltariam e salvariam a mim também, mentira. Eles estavam salvando a sua vida, mas estavam tirando parte da minha. Eu não relutei.
  Vê-lo partir senti meu coração estraçalhar-se em pedaços incontáveis, senti dentro de mim minh'alma se opor e prestes a falar, para te pedir para ficar, para não me abandonar, mas me conformei ao saber que estarias bem e que o tempo seria capaz de lhe ensinar como prosseguir sem mim. Caí no chão aos prantos. Fim de tudo.
  Ouvi passos, porém a fumaça que estava a me asfixiar, não me deixou ver quem vinha em minha direção. Era você! Voltastes correndo e ajoelhou-se ao meu lado e repetiu até quando o fogo me permitiu ouvir: nós contra o mundo, na vida ou na morte.

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